Quando Amor e Algoritmo Não se Misturam
A nova era dos aplicativos de namoro trouxe consigo uma série de questões sociais e raciais que muitas vezes são ignoradas. Enquanto muitas pessoas encontram amizade, aventura e até mesmo amor através dessas plataformas, para as mulheres negras a experiência é única e desafiadora.
Como socióloga especializada em raça, gênero, tecnologia e cultura popular, tenho entrevistado mais de 100 indivíduos sobre suas experiências no mundo do namoro online.
Em minhas pesquisas, tenho descoberto que a raça é um tema recorrente nas conversas iniciais entre pessoas que se conhecem virtualmente. Muitos desejam saber mais sobre a origem e tom de pele de suas possíveis combinações. Especialmente quando se trata de mulheres negras, somos frequentemente objetificadas por aqueles que procuram algo “exótico”, mas ao mesmo tempo nos dizem que somos menos desejáveis para relacionamento sério.
Uma pergunta que tem sido frequente na mente daqueles que pertencem a minorias raciais é: os algoritmos dos aplicativos estão me aceitando como opção por causa da minha etnia ou apesar dela? Essa dúvida levanta outra questão relevante: por que tantos usuários continuam solteiros após passarem horas infinitas navegando em aplicativos de namoro? Será que os algoritmos simplesmente não estão interessados neles? Ou talvez seja porque são pessoas com origens étnicas variadas ou buscam relacionamentos inter-raciais?
Ao pesquisar essas questões complexas, descobrimos algumas respostas preliminares. Entrevistas com indivíduos não-brancos revelaram o sentimento generalizado de insatisfação, solidão e até mesmo revivência de traumas raciais ao navegar pelos perfis e conversar com potenciais parceiros. Além disso, estudos conduzidos pelo Departamento de Psicologia e Comunicação da Universidade de Michigan também indicaram que os algoritmos utilizados pelos aplicativos são vistos como parte significativa do problema.
Nossa pesquisa mostrou que muitos usuários suspeitam que esses algoritmos estão programados para conectar pessoas semelhantes – fisicamente e culturalmente. Essa ideia tem suas raízes em antigas leis anti-interraciais, datando desde o século XVII, onde casamentos entre raças diferentes eram proibidos e punidos severamente. Infelizmente, ainda hoje essa mentalidade pode influenciar as combinações nos aplicativos.
Portanto, podemos concluir que o namoro online como pessoa não branca pode ser complicado por várias razões: desde o fato dos usuários serem tratados como “exóticos”, até a possível manipulação dos algoritmos para priorizar relações dentro das mesmas raças. É fundamental continuar explorando esses temas para entender completamente a dinâmica dos aplicativos de namoro no contexto racial. Afinal, todos merecem ser tratados com igualdade nesta era digital em constante evolução.
Resumo da Notícia |
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A nova era dos aplicativos de namoro trouxe questões sociais e raciais. |
Mulheres negras enfrentam desafios únicos no mundo do namoro online. |
Raça é um tema recorrente nas conversas iniciais entre usuários. |
Algoritmos dos aplicativos podem influenciar as combinações por raça. |
Usuários não-brancos relatam insatisfação e revivência de traumas raciais. |
Estudos indicam que algoritmos são parte do problema. |
Dinâmica dos aplicativos de namoro no contexto racial precisa ser explorada. |
Com informações do site The New York Times.