Nova política de preços da gasolina põe etanol em xeque
A redução nos valores praticados para a gasolina no país, em decorrência das políticas adotadas para controlar a inflação causada pelo combustível, está levantando questões sobre o futuro do etanol hidratado. Apesar de ser uma opção competitiva nos postos de abastecimento, o combustível renovável e mais limpo está perdendo espaço para sua contraparte fóssil. A diminuição nas vendas e nos preços do etanol tem afetado os lucros das usinas de açúcar e suscitado debates acerca da matriz energética do Brasil.
Consultorias especializadas apontam que a gasolina disponibilizada nos postos é cerca de 25% mais barata em comparação com os preços internacionais, sendo esse fator frequentemente ressaltado pelo presidente Lula e outros representantes governamentais. Essa diferença tem atraído os motoristas, resultando no aumento das vendas de gasolina e na necessidade do governo aumentar as importações. No segundo trimestre deste ano, as importações da Petrobras cresceram 642,9%, enquanto na primeira metade do ano a alta foi de 228,6%, em comparação com o mesmo período de 2022.
Por outro lado, as vendas de etanol pelas usinas diminuíram mais de 10% desde abril. Executivos do setor afirmam que o preço por metro cúbico saiu das unidades produtoras por pouco mais de R$2.000 no primeiro trimestre desta safra – metade do valor alcançado no ciclo anterior. Os elevados custos operacionais estão gerando margens negativas com o etanol. Apesar da propaganda informando que os preços da gasolina são mais baixos, a diferença de 25% entre os produtos comercializados no Brasil e no mercado internacional é considerada excessiva pelos executivos entrevistados.
A competitividade do etanol hidratado tem sido afetada por essa significativa disparidade de preços. Embora os consumidores prefiram a gasolina mais barata, mesmo que subsidiada, essa diferença não é sustentável a longo prazo e pode acarretar sérias consequências para o país. Plinio Nastari, fundador e CEO da consultoria Datagro, calculou que a diferença chega a 26,3%, o que ele considera extremamente significativo.
O cenário se mostra desfavorável para as usinas mesmo considerando as receitas geradas pelos CBios – créditos que os produtores podem obter ao fabricar etanol e que devem ser adquiridos pelos distribuidores para cumprir metas de descarbonização. Desde o início do ano até 21 de julho, já foram emitidos 17,8 milhões de CBios.
A política de precificação da Petrobras tem sido desconhecida pelo mercado desde sua implementação em maio deste ano. Abandonando-se a paridade com as importações, a empresa estatal já realizou três reduções nos preços da gasolina em suas refinarias. Em caso de erros nos subsídios, tanto a Petrobras quanto a indústria açucareira podem ser afetadas negativamente.
Até o momento, alguns fatores têm amenizado os impactos negativos dessa política na indústria: o aumento no preço do açúcar nas trocas internacionais (cerca de 30% na primeira metade do ano), o aumento na demanda pelo etanol anidro (que é misturado à gasolina) e uma provável queda nos custos dos insumos agrícolas. Os altos preços dos fertilizantes foram um fator de pressão durante a safra 2022/23, mas espera-se que haja alívio nesse aspecto.
Resumo da Notícia |
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A redução nos valores praticados para a gasolina no país está levantando questões sobre o futuro do etanol hidratado. |
Consultorias apontam que a gasolina nos postos é cerca de 25% mais barata em comparação com os preços internacionais. |
As vendas de etanol pelas usinas diminuíram mais de 10% desde abril. |
A diferença de preços entre gasolina e etanol tem afetado a competitividade do combustível renovável. |
A política de precificação da Petrobras tem sido desconhecida pelo mercado. |
Alguns fatores têm amenizado os impactos negativos na indústria, como o aumento no preço do açúcar nas trocas internacionais. |
Com informações do site InfoMoney.