As questões de memória de Biden chamam a atenção, neurologistas opinam
Desde a divulgação de um relatório na última quinta-feira pelo consultor especial Robert Hur, que retrata o presidente Joe Biden como uma pessoa idosa com problemas de memória, houve um grande interesse nas mudanças cognitivas relacionadas ao envelhecimento, segundo especialistas em neurologia.
O relatório focou no manuseio de documentos confidenciais por parte de Biden e mencionou que o presidente não se recordava do período exato em que foi vice-presidente e também tinha dificuldades em lembrar-se da data do falecimento de seu filho Beau Biden. Biden rejeitou veementemente essas alegações em uma coletiva de imprensa realizada na tarde de quinta-feira, afirmando que sua memória estava perfeitamente bem.
Além disso, houve análises minuciosas de outros eventos recentes nos quais o presidente de 81 anos confundiu nomes de líderes estrangeiros. No entanto, os neurologistas afirmam que esquecer nomes conhecidos ou ter dificuldades em recordar datas passadas, especialmente sob estresse, pode ser apenas parte natural do processo de envelhecimento. O Dr. Paul Newhouse, líder clínico sênior do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer da Vanderbilt, compartilhou sua própria experiência pessoal ao afirmar que mesmo ele poderia não saber o ano exato em que sua mãe faleceu, pois já se passaram muitos anos desde então.
Segundo Newhouse, quase todos os pacientes mais velhos têm dificuldade em lembrar-se dos nomes das pessoas. Esta é considerada uma reclamação universal à medida que envelhecemos. Além disso, o tipo de esquecimento mencionado não prevê quem desenvolverá transtornos de memória no futuro. Somente um médico ou neurologista pode fazer esse diagnóstico corretamente; observadores externos não possuem essa capacidade.
O Dr. Dennis Selkoe concordou que esquecer nomes não fornece informações relevantes sobre eventuais problemas de memória. Na verdade, tanto o estresse quanto a falta sono podem interferir na memória independentemente da idade da pessoa. Selkoe destacou ainda que nomear objetos específicos não é uma base adequada para tirar conclusões sobre qualquer transtorno progressivo e preocupante relacionado à memória.
Para entender melhor as mudanças normais na memória à medida que envelhecemos, consultamos o Dr. Thomas Wisniewski, diretor do Centro de Pesquisa sobre Alzheimer e Centro para Neurologia Cognitiva no NYU Langone Health. De acordo com ele, é normal que cérebros mais velhos tenham dificuldades em reter novas informações e recuperá-las posteriormente; porém, processos mentais como tomada de decisão e julgamento podem realmente melhorar com o tempo. A sabedoria adquirida a partir das experiências vividas ao longo dos anos pode compensar ligeiras diminuições na capacidade bruta da memória.
O verdadeiro problema surge quando há dificuldade em recordar experiências recentes ou passadas — isso sim pode ser um sinal de um transtorno progressivo. No entanto, nem sempre é esse o caso. Wisniewski ressalta a importância das pessoas reconhecerem suas próprias lacunas na memória: se alguém esquece ter ido às compras e não está ciente disso, isso pode ser motivo para preocupação.
Em geral, os neurologistas tendem a se preocupar menos com a habilidade dos pacientes para lembrarem-se eventos ocorridos há muitos anos atrás e mais com sua capacidade atual de recordarem acontecimentos recentes. Isso ocorre porque demência afeta primeiramente as partes do cérebro responsáveis pelas lembranças mais recentes ao invés das antigas.
Portanto, é importante avaliar cada situação individualmente e consultar profissionais especializados para obter um diagnóstico preciso em relação às questões relacionadas à memória e envelhecimento.
Resumo da Notícia |
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O presidente Joe Biden foi retratado em um relatório como uma pessoa idosa com problemas de memória. |
Biden rejeitou veementemente as alegações e afirmou que sua memória está perfeitamente bem. |
Especialistas em neurologia afirmam que esquecer nomes conhecidos ou ter dificuldades em recordar datas passadas pode ser parte natural do envelhecimento. |
O esquecimento mencionado não prevê quem desenvolverá transtornos de memória no futuro, apenas um médico pode fazer esse diagnóstico corretamente. |
O estresse e a falta de sono podem interferir na memória independentemente da idade da pessoa. |
Cérebros mais velhos podem ter dificuldades em reter novas informações, mas processos mentais como tomada de decisão e julgamento podem melhorar com o tempo. |
A dificuldade em recordar experiências recentes ou passadas pode ser um sinal de um transtorno progressivo, mas nem sempre é o caso. |
Neurologistas se preocupam mais com a capacidade atual de recordar acontecimentos recentes do que com lembranças antigas. |
É importante consultar profissionais especializados para obter um diagnóstico preciso em relação às questões relacionadas à memória e envelhecimento. |
Com informações do site Neurology Today.