No debate sobre o trauma religioso, especialistas discutem sua caracterização no DSM
No debate entre especialistas em saúde mental, surge a discussão sobre como caracterizar o trauma religioso no DSM, guia utilizado para diagnosticar transtornos mentais.
No DSM-5-TR, quinta edição do manual, o trauma religioso é incluído na categoria “Problema Religioso ou Espiritual”, como um código Z, não sendo considerado um transtorno mental oficial.
Os códigos Z são listados no final do DSM e representam “outras condições que podem ser objeto de atenção clínica”. Alguns exemplos desses códigos incluem formas de abuso psicológico infantil, pessoas sem-teto e vítimas de terrorismo ou tortura.
Atuando nesse contexto, Koenig está colaborando com um grupo de especialistas em saúde pública e psiquiatras da Universidade Harvard para ampliar a inclusão do código Z no DSM, buscando também incorporar a lesão moral.
A lesão moral é uma experiência que ainda não está presente no DSM e ocorre quando uma pessoa se percebe agindo de forma contrária aos seus princípios morais e valores. Isso resulta em sentimentos intensos de culpa, vergonha ou desconfiança. Veteranos de guerra e profissionais da área da saúde envolvidos na pandemia da Covid-19 têm sido afetados por esse tipo de lesão moral.
Koenig destaca que ao longo dos séculos as pessoas têm usado a religião para condenar indivíduos LGBTQ+, resultando em lesões morais significativas. Especialmente no caso das pessoas LGBTQ+ religiosas, essa lesão moral pode acarretar uma vida inteira marcada pela vergonha e culpa. Viver com esses sentimentos pode levar ao surgimento de problemas mentais como depressão, ansiedade e até mesmo suicídio. É importante reconhecer que a lesão moral é capaz de aprisionar os afetados por anos ou décadas.
Portanto, Koenig ressalta a importância de incluir a combinação dos códigos “Problema Religioso ou Espiritual” com “Problemas Morais” como um código Z no DSM. Essa inclusão permitiria aos médicos coletarem dados mais específicos e prescreverem tratamentos mais direcionados. Além disso, possibilitaria uma documentação mais eficaz sobre qual parte do trauma do paciente está relacionada às suas crenças religiosas familiares ou comunitárias versus uma perspectiva diferente que possa ser considerada imoral em relação à comunidade LGBT+.
Dessa forma, o debate segue buscando maneiras de melhor compreender e classificar o trauma religioso dentro dos parâmetros diagnósticos adequados estabelecidos pelo DSM. A inclusão da lesão moral poderia fornecer um melhor entendimento das implicações psicológicas decorrentes dessa experiência específica.
Resumo da Notícia |
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No debate sobre a inclusão do trauma religioso no DSM, especialistas discutem sua caracterização e classificação. |
O trauma religioso é atualmente incluído como “Problema Religioso ou Espiritual” na categoria Z do DSM-5-TR. |
Koenig e especialistas de Harvard buscam ampliar a inclusão do código Z, incorporando também a lesão moral. |
A lesão moral é uma experiência não presente no DSM e pode resultar em sentimentos intensos de culpa, vergonha ou desconfiança. |
A inclusão da combinação dos códigos “Problema Religioso ou Espiritual” com “Problemas Morais” permitiria tratamentos mais direcionados e documentação mais eficaz. |
O debate busca compreender e classificar o trauma religioso dentro dos parâmetros diagnósticos estabelecidos pelo DSM. |
Com informações do site LGBTQ Nation.