Bolsonaro e Guedes reduziram de 26,5% para 8,7% capital estatal na Vale
No último trimestre de 2022, a participação governamental na Vale, segunda maior empresa do país, sofreu uma redução significativa. Desde 2019, o governo possuía dois representantes com influência acionária na mineradora, porém, ao final de 2022, restava apenas um com uma participação reduzida.
Essa diminuição da presença estatal está diretamente relacionada às ações tomadas durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de diminuir a participação das empresas estatais e fundos na Vale. O percentual de ações influenciadas pelo governo caiu de 26,5% em 2019 para 8,6% no final de 2022. Essa estratégia seguiu as diretrizes do Ministro da Economia Paulo Guedes e resultou não só na dispersão dessa participação governamental, mas também na descentralização do poder decisório da empresa.
Mudanças na estrutura acionária
De acordo com os relatórios financeiros do primeiro trimestre de 2019, o governo exercia sua influência por meio de dois acionistas: BNDESPar e Litel Participações. No entanto, no último relatório disponível para o ano de 2022, apenas a Previ permaneceu como acionista entre as empresas estatais e os fundos.
A Litel foi dissolvida em 2021 e vendeu suas ações na Vale, deixando apenas a Previ como representante estatal na composição acionária. A Previ também reduziu sua participação para menos de 10%, resultando na perda de dois dos quatro assentos que tinha no Conselho de Administração.
Além disso, o BNDES finalizou sua venda da empresa mineradora em 2021. Durante o período entre 2019 e 2021, o governo brasileiro desinvestiu cerca de R$36 bilhões nas participações acionárias da BNDESPar na Vale.
Investidores estrangeiros
Em relação aos investidores estrangeiros, o relatório revelou que a Capital Group possuía uma participação considerável de 13,5% em 2022. No entanto, ao longo do ano de 2023 ela reduziu sua propriedade para cerca de 4,94%.
Com todas essas alterações acionárias e transferências de poder decisório dentro da Vale, agora podemos considerar a empresa como uma corporação controlada privadamente. Nenhum investidor possui mais de 10% das ações e as únicas formas do governo intervir são por meio das “ações douradas” que ele possui na empresa.
Ações douradas e investidores minoritários
Atualmente, o governo detém 12 “ações douradas” na Vale. Apesar dessas ações garantirem veto sobre certas decisões relacionadas à venda ou encerramento das atividades da empresa em depósitos minerais, ferrovias ou portos e permitirem que a União escolha ou destitua membros do Conselho Fiscal, elas não implicam em direitos sobre dividendos ou cargos executivos.
No final de 2023, aproximadamente 73,88% das ações da Vale pertenciam aos investidores minoritários negociados em bolsa. A parte restante era dividida entre Previ (empresa estatal), Mitsui (Japão) e Blackrock (Estados Unidos), ambos atores multinacionais.
Dessa forma, conclui-se que houve uma transformação significativa nas características da estrutura acionária da Vale ao longo dos anos analisados, resultando em uma maior diversificação dos investidores envolvidos e em um menor controle governamental sobre as decisões tomadas pela companhia.
Período | Participação Governamental | Investidores Estrangeiros |
---|---|---|
2019 | 26,5% | – |
2022 | 8,6% | 13,5% |
2023 | 12 “ações douradas” | 4,94% |
Com informações do site Poder360.