Especialistas Propõem Diretrizes para Financiamento Justo do Jornalismo por Big Techs

Especialistas propõem diretrizes para o financiamento do jornalismo por big techs

Conferência em Johannesburgo busca soluções para financiamento do jornalismo

Durante a conferência “Construindo um Futuro Sustentável para o Sul Global” em Johannesburgo, África do Sul, nos dias 13 e 14 de julho de 2023, especialistas em mídia e comunicação dos Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul assinaram o documento intitulado “Big Tech and Journalism: Principles for Fair Compensation”. Esse documento propõe diretrizes que visam financiar conteúdo jornalístico produzido por grandes empresas de tecnologia.

Dez princípios

Interesse Público, Pluralidade, Diversidade, Sustentabilidade, Equidade, Coletividade, Transparência, Responsabilidade, Independência e Resultados são os dez princípios estabelecidos no documento. Essas diretrizes foram desenvolvidas para incentivar os investimentos das principais plataformas da internet no jornalismo voltado para o interesse público. Além disso, busca-se criar políticas públicas que garantam uma compensação mais justa para esse tipo de conteúdo.

O documento foi elaborado por Anya Schiffrin, professora da Universidade de Columbia; Jonathan Heawood, CEO da Public Interest News Foundation no Reino Unido; Courtney Radsch, pesquisadora do Instituto de Tecnologia, Direito e Política da Universidade da Califórnia; e Michael Markovitz, diretor do Think Tank Gibs Media Leadership na África do Sul.

Transparência e compensação justa

Uma das principais contribuições desse acordo é promover a transparência nas negociações entre plataformas e meios de comunicação. Além disso, busca-se garantir uma compensação regular e independente. É fundamental também estimular a participação do jornalismo local e das pequenas e médias plataformas midiáticas na produção de conteúdo informativo.

Impacto no Brasil

No Brasil, esse acordo pode ser um componente chave para sustentar os meios de comunicação através de abordagens regulatórias adaptadas ao contexto jornalístico do país. Nesse sentido, duas entidades brasileiras, a Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e o Instituto Vladimir Herzog, participaram ativamente do evento.

Maia Fortes, diretora executiva da Ajor, destacou em entrevista à Forbes Brasil que “o documento é um passo importante porque estabelece diretrizes para compensar as iniciativas jornalísticas pelas grandes empresas de tecnologia”. Ela ressalta ainda que essas diretrizes fornecem insumos para os debates em curso no Brasil em órgãos como o Comitê Gestor da Internet (CGI) e a Câmara dos Deputados, nos Projetos de Lei nº 2630/2020 e 2370/2019.

Jornalismo de interesse público

Uma das dificuldades enfrentadas no debate brasileiro diz respeito ao tipo de jornalismo que se beneficiaria desse sistema de compensação por conteúdo. O documento introduz o conceito de jornalismo de interesse público como o foco principal desse apoio financeiro, ou seja, aquele que informa o público sobre assuntos relevantes para seus direitos e responsabilidades como cidadãos.

Efeitos a longo prazo

Quanto às mudanças que os consumidores podem esperar a longo prazo após a assinatura do documento, é importante salientar que ele representa uma contribuição da sociedade civil internacional para melhorar as políticas públicas governamentais. Portanto, os efeitos a longo prazo dependerão do reconhecimento desses agentes sobre a importância de adotar esses princípios e aplicá-los no desenvolvimento de políticas públicas.

Com informações do site Forbes Brasil.