El Niño afeta produção agrícola e PIB no Brasil, segundo análise do Itaú
O fenômeno climático conhecido como El Niño, caracterizado pelo aumento da temperatura em áreas do Oceano Pacífico, está afetando os padrões climáticos globalmente, com impactos na produção agrícola e no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Em análise realizada pelo banco Itaú, foi constatado que o El Niño não segue um padrão claro de impacto. Durante a ocorrência mais recente do fenômeno, entre 2015 e 2016, o PIB agrícola brasileiro foi negativamente afetado, especialmente na produção de soja e milho nas regiões Norte e Nordeste.
O Nordeste, que representava 8% da produção nacional de soja em 2014-15, teve uma queda significativa para 5% na safra seguinte, devido a uma diminuição de 37% na produção. No Piauí, a redução foi ainda mais intensa, chegando a 65% na produção de soja.
A produção de milho também sofreu uma queda acentuada no Nordeste, com uma redução de 45%. A Bahia liderava a produção na região, com 42% de participação, seguida pelo Maranhão (23%), Sergipe (14%) e Piauí (13%). Esses estados também registraram quedas significativas na produção de milho durante o período analisado.
Outras culturas regionais importantes, como cacau e algodão, também foram impactadas pelo El Niño. A produção de cacau apresentou uma queda próxima a 30% na região, enquanto a participação do algodão caiu 42%.
Além dos efeitos na produção agrícola, o Brasil enfrentou aumentos inflacionários durante o El Niño, principalmente em produtos frescos sensíveis às alterações climáticas. No entanto, espera-se que o fenômeno deste ano seja moderado a forte, porém menos intenso do que o observado em 2015-16.
Para a safra atual, é esperado um impacto mais significativo da precipitação no Norte e Nordeste, que representam aproximadamente 16% da produção total de soja e 20% para o milho. Essas regiões são afetadas negativamente pela falta de chuvas durante o El Niño, o que resulta em perda de produtividade. O impacto geral no país dependerá também da produção na região Sul, que depende da intensidade da precipitação nos períodos de plantio e cultivo.
Considerando esses fatores, os economistas do Itaú projetam um crescimento real do PIB agrícola de 2,5% em 2024, após um aumento significativo de 12,3% em 2023. Essa projeção leva em conta um aumento de 3,0% na produção de soja e uma queda de 2,5% na produção de milho. No entanto, se ocorrer um El Niño com intensidade semelhante ao observado entre 2015-16, espera-se que o PIB agrícola tenha uma queda de até 1,3%, afetando indiretamente outros setores da economia por meio da cadeia de suprimentos e geração de renda.
Impactos do El Niño no Brasil |
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O fenômeno climático conhecido como El Niño afeta os padrões climáticos globalmente. |
No Brasil, tradicionalmente ocorre um aumento na precipitação no Sul e secas no Norte/Nordeste. |
Análise do Itaú revelou que não há um padrão claro nos impactos do El Niño. |
Na ocorrência mais recente do fenômeno, o PIB agrícola brasileiro foi negativamente afetado. |
Produção de soja e milho nas regiões Norte e Nordeste foi especialmente afetada. |
Redução na produção de soja: Nordeste (-37%) e Piauí (-65%). |
Redução na produção de milho: Nordeste (-45%) e estados como Bahia, Maranhão, Sergipe e Piauí. |
Culturas regionais como cacau e algodão também foram impactadas. |
Aumentos inflacionários em produtos frescos durante o El Niño. |
Projeção do Itaú para o PIB agrícola em 2024: crescimento de 2,5%. |
Projeção considera aumento de 3,0% na produção de soja e queda de 2,5% na produção de milho. |
El Niño com intensidade semelhante a 2015-16 pode causar queda de até 1,3% no PIB agrícola. |
Com informações do site Diário do Nordeste.